Violência de gênero na política: como e por que denunciar

 Violência de gênero na política: como e por que denunciar

Exemplos de agressões passam por ameaças, chantagens, xingamentos e desmerecimentos




Em dezembro de 2020, imagens veiculadas pela imprensa chocaram os brasileiros. Nelas, a deputada Isa Penna (PSOL) era assediada sexualmente por outro deputado durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na frente dos colegas parlamentares e de outras pessoas presentes. Essa situação de violência política de gênero não é um episódio isolado. É para acabar com casos como esse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem se empenhado no enfrentamento da violência contra a mulher e na luta por uma maior representatividade feminina na política.


Os constrangimentos vividos por vereadoras, prefeitas, deputadas e senadoras vão desde interrupções nas falas a ameaças, chantagens, xingamentos e desmerecimentos. Muitas sofrem violência sexual, com acesso não permitido ao corpo, como foi o caso da deputada estadual. Outras são submetidas a questionamentos sobre a vida privada, ouvem comentários sobre a aparência física e a forma de vestir, além de receberem ameaças vindas pela internet ou de forma presencial.


A violência de gênero na política está mais presente do que se supõe, prejudicando o mandato daquelas que foram eleitas pelo povo e afastando a mulher da vida política. Por essas razões, o TSE lançou recentemente uma campanha sobre o tema, estrelada pela atriz Camila Pitanga.


“Com o episódio, virei uma referência para outras mulheres que sofrem violências diversas. É importante que outras vozes sejam ouvidas nesta luta. Precisamos de investimento, de mapeamento dos tipos de violência contra as mulheres e como enfrentá-las com políticas públicas adequadas. O assunto é mais grave do que se pensa”, destaca Isa Penna.

Segundo ela, o que mais acontece no espaço político é a violência psicológica, mas há também muitos casos de violência sexual. “Nós, mulheres, precisamos lutar o tempo todo para não sermos vistas como um fantoche, um enfeite na política, com uma cota necessária naquele espaço. As relações de poder machistas, construídas e sedimentadas por séculos, se expressam nesse cotidiano de forma bastante cruel. É como se quisessem as mulheres fora dos espaços de poder”, reforça a deputada.

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